domingo, 11 de agosto de 2013

De como seguir em frente (Nº "Já perdi a conta" ou "Outra Vez")

É claro que eu gostaria que fosse simples: terminar um relacionamento e seguir em frente, como se nada tivesse acontecido. Seria ótimo, não?! Sem mágoas, sem brigas, sem raiva. Não precisar se afastar dos lugares que vocês iam, nem deixar as pessoas que você conheceu pra lá, nem esquecer das músicas, apelidos, cheiros, toques, não precisar apagar as fotos, não sentir falta, não sentir nada, como se nada tivesse existido. Seria bom se fosse simples, como apertar um botão de uma máquina, "delete!". Seria bem simples se a gente pudesse só terminar, sem sofrer pelo buraco que a pessoa deixa na vida da gente, sem precisar esquecer, sem precisar realmente deixar a pessoa ir. Mas na real não é assim...
Ahhh, eu queria muito ligar e contar todas as novidades, chorar minhas mágoas, desabafar sobre toda a minha falta de sorte no amor, discutir os motivos que faz uma pessoa te amar tanto e não conseguir ficar com você. Queria mostrar o caderno em que escrevo todas as noites antes de dormir, que falam dia após dia como tem sido minha vida sem você. Queria falar tudo que tem acontecido, como tenho vivido, confessar meus pensamentos, meus sonhos, as coisas que me distraem e me deixam empolgada enquanto meu coração tenta neutralizar a dor e se recuperar de mais uma rachadura, a maior, mais profunda e insistente até hoje. Mas, não é assim que funciona.
Se você vai continuar com a pessoa inteira na sua vida, com tudo de bom que ela tinha, não tem porque terminar, né?! Se você vai falar com ela todos os dias, numa boa, se você poderá contar com ela, trocar figurinhas, não faz sentido acabar, certo?! Queria que fosse simples, mas não é! Não é fácil esquecer alguém que se quis tanto. Não é simples desconstruir os sonhos, se conformar, se convencer de que vai ser melhor assim. "Mas não precisa nada disso", alguém vai dizer... Experimenta seguir em frente sozinho, com o coração cheio de mágoa, saudade e lembranças. A gente afunda, morre sufocado, não sai do lugar! Chega um momento que você já não aguenta mais explicar porque acabou e contar a mesma história pela nonagésima vez. Dizer para as pessoas "Não se preocupe, eu vou ficar bem, vai ser melhor assim..." Convencer seus pais, irmãos e amigos de que ninguém teve culpa e ainda tentar poupá-los de mais um fim. Tentar se convencer de que fez todo o possível e de que a culpa realmente não foi sua. Parar de procurar as falhas, os motivos bobos pra tanta mágoa. É muito difícil!  
Óbvio que sara, óbvio que a gente sobrevive, sim, isso passa. Mas demora e dói todo dia até passar. Não é drama. Acho que do quinto dia em diante a gente para de chorar. Depois que passa a raiva é melhor. Vai acalmando tudo. Mas precisa de silêncio, de espaço e de distância. Não, ainda não dá pra ver, pra ouvir e falar de novo. Vai mais um tempo. Às vezes parece que a gente nunca mais vai querer ver a pessoa outra vez, nunca mais vai conseguir conversar. Mas no fundo a gente sabe que uma hora ou outra cicatriza. 
A gente não pode se apoiar um no outro pra sair dessa. Estamos sozinhos e infelizmente, é desse jeito. Não dá pra seguir em frente magoado, triste ou com raiva. A gente precisa curar o coração primeiro, se fortalecer, limpar a casa, tirar todos os destroços do quarto, se reconstruir e então começar de novo, do zero. 

Vai ficar tudo bem é só deixar o tempo e o silêncio agirem...

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