quarta-feira, 29 de abril de 2009

Indo

Estou aqui de passagem
A vida é uma mala pronta pra viagem
Minha cabeça é minha bagagem
E a estrada é uma velha amiga

Jornal de ontem, novela chata

Sobra informação. Falta ordem no dia.
Sobra correria. Falta paciência.
Sobra alegria até mesmo assim. Faltam economias!

Sobra falação, nhe nhe nhen, blá blá blá.
Gripe suína. Passagens áereas. Ronaldo!
Falta verdade. Consistência. Importância e regionalidade.
Pirâmide invertida. Lead!

Vira uma novela fútil, que se perder um capítulo, não se perde nada.
Nunca muda.
Sobra pessimismo. Notícia boa só tem no futebol.
Sobram elogios pro gordinho.
A imprensa paga uma dívida que ela mesmo criou.
Só porque pegou no pé do craque que não fazia gol!

Sobra preconceito. Falta ainda mudar tudo!
Sobra Susan Boile, como exemplo.
Falta começar de novo. Esquecer a imagem. Esquecer o bolso!

Aqui...
Sobram desfiles de tias velhas; que ninguém vê!
Falta abrir espaço pra cultura!
Sobra bajulação. Entra uma grana aqui outra ali.
Sobra notícia velha nas lixeiras ali da frente
Falta ainda mente aberta, parceria, quebrar as regras e as fronteiras.

Enquanto isso a gente segue a vida.
Esperando que sobrem boas oportunidades
E faltem línguas pra falar abobrinhas...

terça-feira, 21 de abril de 2009

Algumas Lentilhas, em Janela do Dia da Lucy Doida

Desencontro Marcado

Ele estava sempre pronto e a postos na hora certa, mesmo sabendo que não viria ninguém.

Pacotes Promocionais

Queríamos que fosse um solar imemorial, mas a vida é um hotel de beira de estrada, com diárias que acabam ao meio-dia - e nem sempre se consegue mais uma hora de cortesia.

Multimídia (Só pra mostrar que eu não sou a única que pensa assim)

Colocamos nossa confiança nos recursos tecnológicos, que devem recordar por nós, dizendo o que queríamos dizer. Com isso, nós nos tornamos meros coadjuvantes, incacapazes de cultivar a memória pessoal.


[Vinte Lentilhas, de Miguel Sanches Neto. Hoje no Caderno G do Gazeta do Povo]

Confissão

Hoje confesso minha solidão
A minha carência
Aquilo que falta e sobra
A sensação de estar ao lado de tanta gente
E ao mesmo tempo sozinha
Hoje confesso minha idade
Meu cansaço e minha aparência
Tudo quanto desejo
Meus medos, fraquezas
Desisto de manter uma imagem
Hoje só vale aquilo que penso
A minha verdade
Desisto dessa ideia de ser forte
E confesso minha falta de sentido
Meu vazio
Estando ali
Despida de toda e qualquer mentira
Confesso minha desesperança
A realidade assusta os sonhos
Quando a fé, a luz e a vida surgem no horizonte
Hoje confesso meu otimismo
Minha tara pelo não desistir
Meus limites
A superação deles
E o desejo de ir além

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Sugestões

Recomeçar sempre que preciso
Surpreender, aos outros e a si mesmo
Proporcionar alegrias
Dizer mais SIM do que não
Perdoar meus erros
Compreender o próximo
Ter, sempre, mais crises de riso
Olhar o horizonte
Ficar atenta aos detalhes
Embarcar em mais aventuras
Aproveitar oportunidades

Há tanto a ser feito. Mesmo assim, insistimos em viver nos limitando.
Liberte-se!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Mais teorias à respeito do fim

Ou, Desligue e ligue de novo II

Em tempos de crise certas reflexões são extremamente necessárias. Tanto para o bem quanto para o mal. Por exemplo... Fui obrigada a ir ao HSBC de Ponta Grossa nos últimos dias; por fora é imponente e na parede interna central tem um letreiro dizendo: "Você está no maior banco do mundo". Fiquei em pé por mais de uma hora numa fila e pensei com meus botões "É estou no banco mais desorganizado do mundo". Ao meu lado tinha pelo menos mais duas filas e nenhuma orientação. Quando chegou a minha vez ouvi a moça do caixa comentar, "reduzem o pessoal e querem excelência no atendimento". Ela tem razão. Que ideia mais idiota! Estão mandando as pessoas embora por causa da crise pra reduzir gastos. Só que junto a elas os clientes também estão indo. Estão sendo mal atendidos e isso vai prejudicar ainda mais o sistema financeiro.

Por outro lado, essa questão de tecnologia, novas mídias e etc. é uma válvula de escape para economizar. Assustador, porém, econômico. Trocaram o trabalho de três pessoas por um programa de computador numa outra empresa. Não é incrível?! Mas e aí, se der uma pane no sistema? O que vai ser? Desligar e ligar de novo? Chamar uma pessoa para arrumar?

Como diria uma propaganda da Globo " Nada substitui o talento". Acredito que nós seres humanos somos capazes de qualquer coisa. Quando realmente queremos, transformamos água em vinho, fazemos das tripas coração e damos conta do recado. Isso máquina nenhuma pode fazer! Por isso, em tempos de crise, é importante lembrar que fazemos nossa própria sorte. Não importa se o período é bom ou ruim, devemos sempre fazer o nosso melhor, por nós mesmos! Sem dúvida seremos reconhecidos de alguma forma em algum momento e sobreviveremos. É exatamente aquilo de não temer o novo e se adaptar. Profissões antigas por exemplo, não precisam acabar, só precisam se atualizar. Isso depende de cada um!

Enfim. Foi a primeira vez que vi demissões "em massa", o clima estava horrível. Era como se um tornado tivesse passado e jogado tudo no chão. A responsabilidade de começar do zero é insuportavelmente pesada. Entretanto, olhei para os outros três sobreviventes e tive certeza de que ergueríamos aquela casa. Nunca vi pessoas tão determinadas, tão empolgadas com uma reconstrução. Ainda que feridas, estavam ali e estavam felizes em recomeçar. Senti um enorme orgulho de ter sobrevivido ao lado delas. Me senti capaz!




Desligue e ligue de novo I

Nunca levei a sério essa história de máquinas substiruirem o homem. Faz tempo desde a primeira vez que ouvi sobre isso. Estudiosos sempre falaram, previram e discutiram, entretanto, sou adepta do ver pra crer e, até agora, eu mesma não tinha visto de perto. Será que a tal era das máquinas finalmente chegou? A era da tecnologia? Das novas mídias? Você está com medo?

Chegamos a um ponto em que não dá mais pra sobreviver sem no mínimo um e-mail e um telefone celular. É impossível manter um emprego ou um relacionamento sem esses dois sinais vitais. Cada vez há mais formas de estar atualizado e plugado no mundo. Agora todos nós, independente de cor, credo ou idade podemos produzir e divulgar algum tipo de conteúdo e lutamos por isso, lembra? Falamos em democratização digital! Já existem projetos de lei funcionando no Rio de Janeiro com o título "Internet para Todos". Isso tudo é lindo. Sem dúvida alguma. O mundo digital tem facilitado e muito nossas vidas. Só esquecemos de um pequeno detalhe: Tudo que é demais sobra. Sobras vão para o lixo. Lixo acumulado causa poluição. Poluição destrói o meio ambiente.

Já assistiu o Wall - E? É mais ou menos isso! Eu estou com medo. Vivemos uma democracia demasiadamente burra. Se me permitem fazer um comentário leigo e talvez idiota, toda essa produção desenfreada de conteúdo, muitas vezes inútil, pode acabar entupindo as artérias virtuais e causando um sério dano. Sem drama ou pessimismo! Mas internet é uma terra sem lei e condicionamos nossas vidas a ela, sem pedir nenhuma garantia. Se der uma pane geral no sistema, o que vai ser? Desligar e ligar de novo?

Sou a primeira a reconhecer que sempre falaram no fim de inúmeras coisas, como os jornais, o rádio e agora a TV. Cada vez que algo novo chegava anunciavam o fim do velho. Entretanto, até agora, entre mortos e feridos todos se salvaram, se adaptaram ao novo. Assim, sei que não há razão para tanto drama. De qualquer forma, fica o alerta! Desconecte-se, apenas um pouco!


Por vários motivos

O fim é belo. Incerto. Depende de como você vê...

Em certos momentos ele nem precisa significar fim. Mas um novo começo. Já disse isso antes, repito agora, por vários motivos, pontos finais fazem parte. Sem eles seria impossível começar um novo capítulo. Uma nova fase!

"O dia mente a cor da noite
E o diamante a cor dos olhos
Os olhos mentem dia e noite a dor da gente"

Enquanto houver você do outro lado
Aqui do outro eu consigo me orientar
A cena repete a cena se inverte
Enchendo a minh'alma d'aquilo que outrora eu deixei de acreditar

Tua palavra, tua história
Tua verdade fazendo escola
E tua ausência fazendo silêncio em todo lugar

Metade de mim
Agora é assim
De um lado a poesia, o verbo, a saudade
Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
E o fim é belo incerto... depende de como você vê
O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só

Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você
Só enquanto eu respirar

[O Teatro Mágico - Anjo Mais Velho]

Lembranças de uma rua


* Para ler ouvindo O Tetro Mágico, O Anjo Mais Velho


Em meio a um turbilhão de pensamentos
Um dos meus fantasmas favoritos voltou

Perdoe-me
Hoje pensei em você
Mais do que deveria


Saí por aquelas ruas à sua procura
Vaguei por todos os lugares
Onde costumávamos andar de mãos dadas
Até nos encontrarmos num abraço infinito
E você me disse acordado
“Não me esqueça”

Acariciei seu rosto
Toquei seus lábios
Afaguei seus cabelos
Senti o seu cheiro
Tentei eternizar aquele segundo
Fui até nossos momentos felizes
Rimos
Choramos
Brincamos
Fizemos planos
Ouvi nossa música
E morri um pouco ao te ver partir de novo

O maldito fantasma repetia fazendo pirraça
“Não me esqueça, sou parte importante da sua vida”

Antes que me desce conta
Fugi
E me perguntei
Até onde teríamos ido?
Porque não fomos?
A culpa foi minha?
Desejei, como nunca, uma resposta sincera
Como teria sido?

Perdoe-me
Hoje senti sua falta
Mais do que deveria

Ou seria falta daquela inocência que me permitia te amar tanto?
Chorei meio mundo ao revirar as gavetas onde escondo você
Depois sarei
E me perguntei novamente
Será que a gente ama somente uma vez?

Perdoe-me
Hoje te amei
Mais do que deveria




sábado, 11 de abril de 2009

Bem vindo frio


Bochechas e a ponta do nariz vermelhos de frio
Luvas, gorro e cachecol
Aquela fumacinha que saí da nossa boca
O ceú mais azul e iluminado do mundo
O sol "gelado"
Acho que o clima
O aconchego do quarto
A preguiça
Chocolate quente
Abraço apertado
Muitos cobertores
Dormir de meias
Levantar tarde
Pipoca e filme o dia todo no sofá da sala
Mais cobertores
O vento frio
As folhas no chão
Botas e casacos!
Ver a madrugada chegar perto de uma fogueira...
A lua e as estrelas
Lábios partidos
Beijos gelados
Namorar no carro
Desenhar no vidro embaçado
Mais abraços apertados!
Bochechas e a ponta do nariz vermelhos de frio!


domingo, 5 de abril de 2009

Deu Saudade de...

Raul dos Santos Seixas

"Eu tenho uma porção
De coisas grandes prá conquistar
E eu não posso ficar aí parado...


Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada

Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...


Porque longe das cercas embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador..."

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Janelas do dia

"Não é fazendo ouvir a nossa voz mas permanecendo são de mente que preservamos a herança humana"

[George Orwell - 1984]

O tempo vai mudar

"Em caso de tristeza vire a mesa. Coma só a sobremesa, coma somente a cereja. Jogue para cima, faça cena. Cante as rimas de um poema. Sofra penas, viva apenas. Sendo só fissura ou loucura. Quem sabe casando cura. Ninguém sabe o que procura... Faça uma novena, reze um terço. Caia fora do contexto, invente seu endereço. A cada mil lágrimas sai um milagre..."

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Válvula de escape para o lugar certo

E derepente, lá esta ela. Em meio à um labirinto de sonhos, riscos e oportunidades. Dos seus olhos era um jogo tão injusto. Tantos sonhos se perderam. Quantas vezes ela se feriu nos espinhos dos altos corredores de arbustos que formavam o caminho? Mesmo assim, avançou. Com seus pés seguiu a intuição, o coração. Foi em frente!
Entretanto, cada vez que chegava à uma encruzilhada, tinha medo de suas decisões. Sabia que não tinha volta. Suas escolhas a acompanhariam para sempre e seu futuro dependia da opção certa. Então ela chegou ao ponto máximo da dúvida. Se viu em frente a várias portas brancas iguais com o letreiro luminoso dizendo: SAÍDA. O que teria por trás daquelas portas? Quais os riscos de escolher uma e não a outra? Qual era, definitivamente, a válvula de escape daquele labirinto? Por onde ir?

Ninguém pode dizer. Não há garantias de que nossas escolhas serão boas no futuro. Não há nenhuma garantia. Sempre teremos do que nos arrepender e viver é um eterno correr riscos. Não existe receita para o sucesso, fórmula química ou mágica que nos leve diretamente aonde queremos chegar. Não há uma forma rápida e simples para "vencer na vida". Além disso, pode ser que tudo não passe de uma grande ilusão e ao abrir uma daquelas portas ela descubra que caiu num novo labirinto. De qualquer forma uma decisão precisa ser tomada, prós e contras precisam ser pesados e pensados com cautela. Independente do que possa existir atrás daquelas portas, há de se compreender o que vier e amar essa decisão até à próxima encruzilhada.
Não temamos o futuro, o desconhecido, o próprio medo e a novidade. Não temamos!



Janela de um momento

Há momentos para ficar afastado
Momentos para desviar o olhar
Há momentos para baixar a cabeça
Para ir em frente com seu dia

Há momentos para usar kohl e batom
Momentos para enrolar o cabelo
Momentos para fazer compras na avenida
Para encontrar o vestido certo para se usar

Há momentos para fugir
Momentos para beijar e sair comentando
Há momentos para cores diferentes
Nomes diferentes que você acha complicado escrever

Você diz que o rio
Encontra seu caminho para o mar
E assim como o rio você virá para mim
Além das fronteiras e dos desertos
Você diz que, como o rio, semelhante ao rio
O amor virá... Amor
E eu não consigo mais rezar de forma alguma
E eu não consigo mais ter esperança no amor de forma alguma
E eu não consigo mais esperar pelo amor de forma alguma

Há momentos para amarrar fitas
Há momentos para árvores de Natal
Há momentos para arrumar a mesa
Há momentos quando a noite está congelante