sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Nostalgia Pré Mudança

Eu sou a filha do meio da Dona Maria e do Seu Gonzaga e até 2011 morava com minha mãe, meus dois irmãos, meu cunhado e minha sobrinha em Carambeí. Sempre fui a mais ligada com minha mãe e o discurso, desde que me entendo por gente, era que eu cuidaria dela quando envelhecesse e que eu moraria com ela para sempre. Por mim seria assim, eu adorava esse plano, mas meus sonhos foram me levando e cá estou.
Quando decidi sair de casa, foi meio do nada. Eu trabalhava em dois períodos em Ponta Grossa -  tudo bem que são só 15 quilômetros, mas e daí?! Tinha dia que eu saia de casa às 6 da manhã e voltava às 22 horas, era cansativo, de moto, carregando sempre mochila pra todo canto, ter sempre que dormir na casa dos outros, enfim. Um belo dia decidi que iria alugar uma kit e comecei a procurar nos jornais, não avisei ninguém. Olhando agora parece que foi rápido, entre o dia da decisão e a mudança, parece que foi muito rápido, e parece que eu não me preocupei tanto, eu só fui. Óbvio que, como boa exagerada que sou, tinha medo que não desse certo, eu não tinha móveis e se saísse não iria querer voltar, eu nem sabia cozinhar, nunca quis pagar aluguel, achava que era grana jogada fora, mas fui. Uma colega de trabalho, a Ana, viu minha procura e me convidou pra dividir um apê com ela e a irmã, eu mal a conhecia, mas sei lá porque aceitei, todo mundo me alertou que seria complicado, que não era simples morar com outras pessoas, etc etc, a gente não achava um lugar bom e barato, ficamos peregrinando atrás de um apartamento um bom tempo. Na busca quase desisti, pensava "não era pra ser", aí, no dia que eu desisti, encontrei o apê! E deu certo, deu tudo certo. Cheguei em casa falei: mãe, vou embora! Ela fez as perguntas necessárias e disse: vá, é melhor, vai dar tudo certo. 
Arrumei tudo que eu podia levar: uma cama de casal, uma comoda velha com espelho e umas sacolas de roupas, junto com livros, cd's e boas lembranças. Por mais estranho que fosse, lembro que no dia da mudança eu não estava com medo, estava empolgada. Domingo de manhã, entre o fim de Outubro e começo de Novembro, o cara da mudança foi em casa e colocamos tudo numa pequena saveiro, amarramos bem e ele veio na frente e eu saí em seguida com a minha moto. Até meu pai apareceu pra se despedir, eu e minha mãe choramos, mas foi breve. Meus irmaõs contaram que ela chorou muito depois que eu sai e eu chorei muito depois enquanto tentava me adaptar. O mundo era mesmo muito louco fora de casa. Não, não era um bom lugar longe das pessoas que te amam como você é, mas a gente vai sobrevivendo, aprendendo e transformando tudo. 
Limpamos e arrumamos tudo, todas as contas ficaram no meu nome, mas todos os móveis eram da Ana. Mal falava com a irmã dela no começo, a Lili. Mas depois nos tornamos meio irmãs também. Eu aprendi a cozinhar, um dia cozinhei o macarrão com almondegas mais salgado do mundo e o arroz doce mais duro e grudento da face da terra, mas fui responsável e as coisas foram acontecendo. Logo a Ana arrumou um namorado e disse que iria sair pra se casar. Saiu e entrou a Simone, uma loira, magrela e divertida. Claro que tivemos dias ruins, claro que teve momentos que as ideias não bateram, eu fui envelhecendo e ficando chata. Eram muitas responsabilidades! 
Quando eu sai da casa da minha mãe, achei que em 1 ano teria a minha casa própria, o contrato foi feito pra que saíssemos em um ano, não deu. Mas eu ainda queria muito a minha casa e tentar morar sozinha. No começo de 2013 eu estava cansada e queria meu lugar e as meninas decidiram sair pra um lugar mais barato, procurei opções pra morar sozinha e não encontrei, claro que fiquei meio desesperada, mas novamente tive ajuda e sorte e encontrei duas novas moradoras: Marina, minha Nenis, um achado da natureza e Camila, monstro, uma das filhas que ganhei no caminho. Sempre fui meio mãezona... Mudamos a casa, deixamos tudo novo, ficou lindo e tivemos um lar por 7 meses. Com isso os planos da casa própria começaram a se concretizar e logo elas decidiram ir embora. Primeiro a Nina, voltou pra Guarapuava. As duas me deram apoio em momentos difíceis e foram minha família em Ponta Grossa, dividimos sábados, fadigas de domingo, farofa, cozinha e afeto! Veio a Cris... No começo achei que não iríamos nos dar bem, mas funcionou. Uma semana depois a Camila decidiu sair e já em Novembro surgiu a Jaque, pão de batata, mais uma filha pra minha lista. Fora os agregados, Carolzinhas, namorados das amigas, amigos das amigas. E assim foi... Deu certo, deu mesmo certo e com um ano de atraso, conquistei minha casa própria! Me mudo no domingo!
O que eu vou dizer?! Eu tive muita sorte! Eu sou a pessoa que mais tem motivos pra agradecer no mundo... Quando digo que ganhei muita gente, eu ganhei mesmo, dia após dia. Aprendi tantas coisas, amadureci tanto e rejuvenesci também. Descobri que a gente só é sozinho se quiser e tem muita gente boa no mundo. Pessoas que com certeza tem problemas muito parecidos ou bem maiores que os meus. Pessoas que tem seus sonhos, dificuldades e histórias de vida pra contar. Pessoas, amigos que levarei no meu coração pra sempre. 
Não sei como estou me sentindo com relação a essa nova etapa, mas não estou com medo, talvez um drama ou outro até me adaptar. A responsabilidade será ainda maior, mas acho que eu já sei cuidar de mim e quero muito vencer mais esse desafio. Um domingo desses enquanto limpava os pingos de tinta dos vidros e do chão da casa nova percebi que eu consigo ficar muito tempo comigo e sobreviver, hahaha, acho que eu aprendi a ficar sozinha nesses dois anos. É isso, deu tudo certo e vai continuar sendo assim! 

O texto é só pra deixar registrado, mas é longo e ninguém quer saber, eu sei disso e não me importo! :D 
Obrigada a todas as pessoas que de alguma forma participaram de mais esse processo da minha vida, que viram entre meus erros e acertos os sonhos que eu tenho e me apoiaram, mesmo subindo escada acima com a mudança, arrumando o encanamento, brigando, chorando comigo, escutando música brega ao meu lado, compartilhando a vida, obrigada mesmo. Espero que eu continue encontrando gente assim na vida e que vocês todos que já estiveram comigo, continuem, mesmo que em novo endereço! 

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