quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Confissão

Ré confessa, ela pensou em gritar
Ela quis implorar pra voltar
Confessava em meio a um rio de lágrimas
Sua dor, sua raiva e egoísmo
Via seu orgulho tolo correr ralo abaixo
Ali na pia do banheiro, novamente diante do espelho
Sozinha!
Era só lá que ela falava, só ali admitia

Se torturava em vão
Buscando soluções, receitas pra esquecer, motivos
Nas poucas vezes que dormia, era assombrada por pesadelos
Com o rosto, o cheiro, o toque e o som da voz do ser amado
E enquanto acordava, se debatia em pensamentos
Os velhos travesseiros não suportavam mais sufocar todo aquele choro
Todos os gritos abafados
Sentia toda a loucura do abandono e se via paralisada novamente no quarto empoeirado

Quando sairia definitivamente dali?
Como fugiria?

Ré confessa, agora e somente agora
Pensava se deveria buscá-lo, percorrer o mundo atrás dele, que fosse
Como se pudesse encontrá-lo, como se ele quisesse ser encontrado
Mas não se tratava só dele, ela queria aquela vida de volta
As pessoas com quem tinha convivido, os momentos
Todos tinham ido embora, tudo tinha mudado
Mas antes de sair num transe absurdo o medo e o orgulho a impediam
Quem seria tolo de se arriscar assim?! O amor é mesmo ridículo!

No fim daquelas horas, se perguntava:
O que mais teria que acontecer para que caísse em si?!
Era tão simples! 
Enquanto enxugava as lágrimas lembrava das brigas
Encarava novamente toda a sua realidade
A rejeição, o fim, os opostos e diferenças...
Não podia ser amor, não podia!
Não era aquilo que ela queria...

Depois de alguns minutos de silêncio, de recuperação 
Saia do quarto, sem confissão alguma a fazer
Nem admitiria se alguém descobrisse
Na vida real, fora do quarto, nada transparecia
Ela era novamente forte e não se renderia
Iria passar, mesmo que tivesse que voltar mil vezes a chorar no banheiro
E a sufocar sua dor com os travesseiros 
Iria passar!

Nenhum comentário:

Postar um comentário