sábado, 21 de fevereiro de 2009

Não somos nada

A impotência ganhava mais um round. Olga já estava com o rosto ensanguentado e os olhos cheios de lágrimas. O que dóia mais não era perder, nem os socos de direita e esquerda ou aquele recebido na boca do estômago que a fez cair na lona sem ar. As luzes e as vozes se misturavam com o gosto do sangue e o olhar daqueles que dependiam do seu sucesso. Não era um olhar de reprovação, mas de desespero. Se ela perdesse, como seria?

Em sua mente Olga susurrava: "Não é possível que não haja nada a ser feito. Não é possível que eu não possa fazer nada novamente. Nada. Não sou nada diante do mundo..." Em seguida fechou os olhos e se deixou desistir. Disse baixinho entre inúmeras lágrimas antes de perder o 3º round: "Não somos nada..."

Olga não lutava por si mesma. Era algo maior, que mesmo sem querer a fazia levantar todos os dias. Era um saber. Uma pressão angustiante que afirmava insistentemente: "Se não for você, não será mais ninguém." A responsabilidade era somente de Olga e ela sabia disso. No fundo ainda conservava seus sonhos mais sinceros. Um dia quando tudo estivesse no lugar poderia realizá-los. Mas até lá muito ainda havia a ser feito.

Algumas coisas não dependem só de vontade e essas, geralmente, são as que demoram mais... Nossa impotência diante do mundo é assustadora. Na realidade, não somos nada.

Um comentário: