quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Desconstruir para construir

Quando você está cansada da sua cara no espelho ou da cor da parede, não adianta só passar uma tinta nova por cima. Não adianta só maquiar a situação. Talvez resolva por uns segundos, mas daqui a pouco você vai olhar de novo e não vai gostar do que está vendo. Não muda se não for de dentro pra fora. Nada muda!

Precisa lixar tudo, todas as paredes, ir a fundo naquela rachadura, deixar bem exposta, pra depois quem sabe rebocar de novo, passar uma mão de cal. Tem que tapar os buracos que ficarem pelo caminho, se não a pintura fica feia. E antes de levantar a casa, precisa investir muito na fundação. Dava pra mudar tudo e abrir uma janela na parede, não é?! Quem sabe se a gente quebrasse os muros do quarto? Talvez se a gente se mudasse ou quebrasse a casa inteira e fosse dormir na rua num dia, pra voltar no outro e recomeçar do zero. Como é difícil recomeçar do zero... 

Não canso de me perguntar porque a gente se apoia tanto nos muros alheios e porque eles caem. Não me canso de tentar entender porque a minha cara já não convence, o porque dos meus traumas, meus medos, meus pesadelos, porque dos meus erros tontos, meus dramas, meus defeitos, minhas revoltas, culpas e confusões. Não paro de me perguntar se as minhas mudanças serão permanentes. Não me canso de querer ir embora, fugir, escapar e deixar tudo isso pra trás. De certa forma, eu fico esperando todo dia voltar para o conforto do meu velho quarto, sem ter que sair daqui, sem ter que mexer em nada na casa.

Ah, eu sei que as obras eram necessárias, estava na hora de uma boa reforma, o teto iria desabar de qualquer jeito. Mas quem diria que desconstruir os sonhos seria tão complicado. Sim, depois que tudo estiver pronto e no lugar, novo em folha, vai valer a pena, mas nesses dias em que poeira fica se escondendo pelos cantos, eu preferia nem ter começado. 

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