quinta-feira, 5 de março de 2009

E o que virá...

Estamos então todos perdidos. Sem saber pra onde ir e porque ir. A todo e qualquer momento queremos voltar pra onde tudo era simples, aonde só as certezas ou o "dar de ombros" habitava. Foi tão intenso e parecia que nunca acabria. Ninguém se preocupava com o depois. Tanto fazia. Acho que nunca fomos tão felizes. Mesmo com todos os problemas e crises daqueles dias, era simples. Estavamos fazendo alguma coisa, era importante, sabíamos aonde estavamos, porque estavamos e aonde queríamos chegar.
Aí nós chegamos. De repente todas as certezas se foram e ficamos desesperados. Eu fiquei! A viagem só tinha sido programada até ali. Não sabia mais onde estava, nem o que queria, se quer, porque viajava. O que eu buscava se a busca tinha terminado? Completamente sem rumo perdi os sonhos e tive medo de continuar, medo de não saber o que estava fazendo e me perder ainda mais. Fiquei parada, chorando, um tempão ali sozinha, sem documento, sem grana e com fome. Aí me odiei por estar parada, como eu podia parar? No instante seguinte quis me perdoar dizendo que alguma coisa iria aparecer, tentei me convencer de que tudo ficaria bem, que eu era otimista o bastante pra acreditar que tudo cairia do céu. Mas não. Não tive paciência para esperar. Nem coragem para continuar me iludindo. Aí entrei em pânico de novo e depois tive raiva por estar em pânico. Se seguiram séries de loucura e lucidez por horas ali.
Num desses instantes de loucura tive saudade de tudo quanto havia naqueles dias, naquela certeza, naquelas pessoas. Quis voltar desesperadamente! Acreditava que o único ponto de felicidade que teria na vida estava no que já tinha vivido. Depois disso, no meu melhor instante de lucidez me perguntei: Mas e o que virá? Não importa? E tudo que ainda pode acontecer? E os outros sonhos? Acabou mesmo? Vai se condenar a ficar pra sempre no mesmo metro? E o resto do mundo? As viagens? Outras pessoas? Culturas, momentos? Como pode desistir de tudo isso e ficar aí chorando desesperada como se nada mais existisse... E o que virá?
Então tudo se acalmou. Conitnuei parada, mas agora estava concentrada, pensativa, olhando o mapa, buscando um caminho, uma nova certeza. Devagar eu a encontraria. O que virá, não nos pertence. Sinto que há algo bom nos esperando, mas que só chegaremos a isso caminhando. Como numa novela. O autor já escreveu a história, mas os personagens só tem um final feliz passando por todas as outras cenas antes. Nada acontece por acaso!

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