segunda-feira, 28 de abril de 2014

Substitutos


Ela o amava, estava muito claro agora. Admitiu de uma vez por todas e confessou em mais um rompante de lágrimas noite a dentro. Sim, ela o amava e sabia que aquele sentimento não fora reciproco nem se quer por um segundo. Todas aquelas palavras não passavam de ilusão, o amor anunciado era apenas pela ideia romântica da situação, nada real, nada concreto. Reconhecia - enfim! - que mesmo a ilusão não foi provocada intencionalmente, não haviam culpados ou um plano mirabolante por trás de toda aquela dor. Não foi planejado, era pra ter sido amor real, mas não foi. Não queria acreditar no que dizia, mas no fundo a culpa era somente dela, afinal, se envolveu por vontade própria, acreditou em seus sonhos e no futuro daquela relação porque não poderia ser diferente. Quem não acreditaria?! Era tudo muito bonito.
No final, só queria respostas e um pouquinho de reconhecimento. Será que ele sabia que ela o amava de verdade? Será que sabia que ela tinha feito todo o possível por aquele casal? Será que pensava sobre eles? Será que ele percebeu que ela o incentivava de todas as formas, mesmo do seu jeito torto? Será que ele não pensou no quanto foi cruel, estourando todas as bolhas positivas que ela pintava? Será que ele percebeu que agia como uma criança mimada sempre, que bate o pé e vai contra tudo apenas por birra?! Será que ele sabia tudo isso? Será que ele tinha se dado conta de todo mal que tinha feito, mesmo sem ter essa intenção?
No final, sim ela se sentia traída, magoada e apenas mais uma. Como era fácil ser substituída. Com as poucas informações que tinha, parecia que nada tinha mudado, apenas a "mocinha" tinha sido trocada. Era o mesmo cenário, os mesmos amigos, a mesma família. A trilha sonora que ele cantava pra ela, agora cantava pra outra. Os filmes que viram juntos. Os livros com dedicatória. As manhãs de domingo e o cheiro dos dois no quarto. Era tudo igual, as mesmas cenas que viveu com uma, viveria com outra e isso parecia normal. Se perguntava como a nova mocinha suportava tudo aquilo, talvez ela também estivesse apenas apaixonada, como a primeira no começo.
Todos esses sentimentos eram compreensíveis, não eram?! Não é tão difícil assim se sentir ridícula por acreditar no amor e no outro. Não era tão difícil imaginar que eles já estavam envolvidos muito antes do fim e que a nova mocinha foi a razão do fim. Quanto tempo antes será?! Será que ela o amava? Será que ela aceitava tudo que ele fazia? Será que ela era como ele? Será que eles falavam do passado? Será que ela entendia o que tinha acontecido? Será que ele tinha contado a verdade e pedido a ela que poupasse a outra? Será que ela era tão nobre assim que tinha aceitado? Será que ela também se sentia assombrada com o passado? Será que ela também pensava nisso? Será que eles não estavam ocupados de mais vivendo suas vidas que provavelmente nem lembravam mais que ela existia?! Tratando-se de uma simples substituição, sim, provavelmente ninguém mais lembrava disso.
E afinal, que diferença as respostas fariam agora?! Que diferença faz? Independente do que tinha acontecido de fato, agora era passado, nada mais poderia ser feito pra amenizar aquela mágoa, aquele novo fim, tão devastador quanto o primeiro. Mais cedo ou mais tarde, nem ela lembraria mais. Quem sabe a vida não a presenteava com algo não tão traumatizante a partir de agora. Quem sabe ela não aprendera algo de importante pra fazer diferente na próxima. Quem é que sabe?!  
 
Moral da história: todo mundo precisa aprender a ser mais forte. Sentir-se bem consigo mesmo. Se amar primeiro, pra deixar de ser carente e inseguro. Amém!
 

 

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