terça-feira, 22 de junho de 2010

Crônicas do Quarto


Já passava da meia noite. A música preenchia os espaços vazios do quarto enquanto ela viajava. Meia luz, o espelho embaçado, coisas pelo chão. Nada estava no lugar, era perturbador e confuso. Nem ela estava ali. Jogada na cama com o desbotado blusão de dormir, cabelos molhados, de quem acabara de sair do banho e olhar distante. Olhos, coração, pensamentos; Tudo, longe demais.

Por alguns instantes nem quis resistir, se deixou levar pelo que sentia. Sonhou. Imaginou como poderia ser. Relembrou a intensidade do abraço, o gosto do beijo e as últimas palavras da noite. Insistia em dizer para seu próprio coração que ele estava enganado, ficou entre idas e vindas por um longo tempo. Hora saboreando a sensação, hora negando, procurando pistas que comprovassem que tudo aquilo não passava de ilusão. Enquanto negava, odiava a possibilidade de se decepcionar, porque ela tinha que ser o sexo frágil da história?! Queria poder simplesmente acreditar, se jogar de cabeça, como a maioria.

Acabou por cair no sono. Eram só palavras. Acabariam num amontoado de sonhos, expectativas e vontades que poderiam, ou não, se realizar. Só mais uma crônica do quarto bagunçado. Meia noite, meia luz, meias verdades, meias sujas, muitas dúvidas, medos e músicas no rádio.



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