terça-feira, 10 de junho de 2014

Inferno Astral

Todo mês de junho é a mesma coisa. Não que os outros meses do ano sejam diferentes, mas parece que toda e qualquer coisa fica mais complicada nessa época. Procuro não dar muito crédito e agir como se fosse, sei lá, abril, mas - sempre tem um mas... As dúvidas ressurgem, alguns erros e arrependimentos, um certo desânimo e frustração. Que vida medíocre!
 
Sim, as coisas estão diferentes, há mais maturidade até pra surtar agora e mesmo um pouco de desânimo não impede que as coisas aconteçam de fato. Oras, sem drama, afinal ninguém sabe realmente o que fazer da vida. A gente finge bem, mas no fundo só estamos indo, seguindo em frente, acompanhando o fluxo. E aí é que está também o problema da questão. O que queremos X O que devemos fazer. Eu não ligaria se alguém me dissesse pra onde ir ou por onde começar, sério mesmo.
 
Volto pra teoria do muro: de um lado você vive alegre e contente, sem saber de todas as coisas horríveis que acontecem e sem se envolver em nada. Só vive...heio de sonhos, esperança e é tudo colorido, ali a positividade nunca acaba. É legal morar numa bolha, já estive ali, às vezes é tedioso e a gente inventa contos de fada bem mal contados só pra ter o que fazer. Do outro lado do muro tem muita vida real. Depressão, desespero, contas atrasadas, chefe pegando no pé, sonhos que não saem do papel, solidão, necas de príncipe encantado, sapo ou contos de fada e, mesmo que você se envolva em tudo e tente ajudar, muitas coisas não vão mudar porque não dependem de você. É bem frustrante essa parte da impotência. Eu também já estive aqui desse lado do muro. Tentei levar realidade pra bolha e cores para o outro lado do muro, mas acaba sempre do mesmo jeito: o lado escuro da força vence!
 
Quando eu era só criança - no período antes e depois das minhas tragédias particulares com separações, madrastas malvadas e xixi na cama - vivia na bolha. Era lindo e eu não sei bem como fui parar lá depois de tudo o que aconteceu, mas acho que eu queria um lugar pra me esconder. Aí eu fui crescendo e a realidade foi chegando. A curiosidade e o tédio foram me envolvendo e eu subi no muro pra ver os dois lados, o da bolha e o da realidade. Fiquei ali em cima por muito, muito tempo, até ter coragem de descer até a realidade. Nesse período, tinha dias que eu voltava pra bolha, outros que eu encarava a realidade, mas tudo muito superficialmente, bem egoísta e rápido. E mesmo agora, às vezes ainda parece que eu estou em cima do muro. Sinceramente é mais seguro ali, mas também é mais solitário... Eu me perguntava antes porque eu tinha que escolher um lado e ia ficando...
 
Enfim, o que eu queria dizer mesmo é que eu ainda não sei o que eu quero da minha vida. Não sei se quero abandonar tudo pegar minha bolha e ir pra Irlanda sem me importar com nada ou se quero ficar, lutar pelos meus sonhos, fazer alguma diferença no mundo e ser uma pessoa comum, quem sabe com um carro, um smartphone e um emprego estável. Sempre que eu vou mais pra um lado do que para o outro eu fico assim, achando que estou indo para o lugar errado.
 
É como quando eu fico com raiva e brigo com as pessoas, na hora que eu explodo eu mando o mundo a merda, mas dez minutos depois eu sinto necessidade de pedir desculpas, mesmo que a pessoa tenha me causado algum mal real, eu sinto necessidade de dizer que sinto muito. E pro caso de nós nunca mais nos esbarrarmos por aí, ainda queria dizer que torço por você e espero verdadeiramente que esteja bem. Entendem?!
 
Eu prefiro ser a menina legal da bolha, mas às vezes ela me dá nos nervos de tão sem graça, aí eu pulo o muro e viro a menina do mundo real, tentando fazer a diferença no mundo e aprendendo a lidar com as frustrações, mas as cores da menina da bolha e sua esperança é o que me permite viver aqui, em cima do muro, bem do jeito que eu estou agora. Mas parece que o dia em eu terei que escolher um lado de verdade está cada vez mais perto...
 
 
Bobagem...
 
 
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