sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O caos, os fones de ouvido, as dúvidas e as jujubas

Não tirava mais os fones de ouvido. Parecia estar num outro plano astral. Olhando longe, em silêncio, imóvel. Os olhos brilhantes, cheios d'água sem nenhuma explicação. Frequentemente a realidade interrompia e o caos tomava conta. A claridade ardia as pupilas e pisar em chão firme doía demais. Porque não se pode viver sonhado? O que, afinal, você esperava? As cenas, as cores, seus desenhos e trilhas sonoras imaginárias eram tão agradáveis e confortáveis, que a realidade chegava à ser cruel.

As dúvidas são as mesmas: Quem é que diz quando estamos indo longe demais? Quem vai dizer que sonhos não podem ser reais? Quando é a hora de parar? Como a gente sabe se está fazendo certo ou errado? Por onde é que se vai? Quem é que dá o primeiro passo? Qual a medida? Quando é que dá pra ir pra casa?

Peças soltas levam a vantagem de poderem se auto consertar. Ficam em silêncio, filtrando pensamentos absurdos, olhando pro chão, se recuperando. Compartilham seus medos apenas com as paredes do banheiro, dizem baixinho aquilo que não pode ser dito. Provavelmente as respostas também são as mesmas. Amanhã tudo volta ao normal. Esquece-se das perguntas, das respostas e segue-se, como for possível.


Já reparou como as jujubas são amáveis? Cristais de açúcar, cores e sabores adoçando a boca, o dia, a vida... A fuga fica sempre ao alcance das mãos, perto do som, do sonho e das cenas diárias inventadas por um maluco qualquer.




Tornar o amor real é expulsá-lo de você,
Prá que ele possa ser de alguém!


Nenhum comentário:

Postar um comentário