sexta-feira, 2 de abril de 2010

As faces de Ana Bela

Ana Bela era estranha. Conhecia a realidade como ninguém. Sabia antes de qualquer um o que era verdade e o que era mentira. O que era certo e o que era errado. Se seria bom ou mau pra ela. Era incrível que alguém pudesse ser tão racional assim, pensavam. Como Ana Bela podia ser tão sensata? Afinal, tratava-se de uma MULHER!

Ana Bela era estranha. Duvidava de tudo. Se escondia atrás das paredes transparentes do trabalho. Nunca dizia o que sentia de verdade. Fingia ser outra pessoa, mais cruel e menos frágil. Fugia antes de qualquer tentativa. Era incrível que alguém pudesse ser tão desconfiada, pensavam. Da onde vinha todo o medo de Ana Bela?

Ana Bela era um mistério só. Consultava os astros todas as manhãs, antes de qualquer decisão e sempre que tentava adivinhar o que o rolo bizarro estava pensando. Nunca sabia o que fazer. Pedia a opinião de todos os amigos, da mãe e até de desconhecidos. Mas ainda assim, não sabia o que fazer. Mudava de ideia como mudava de roupa. Ora desesperadamente apaixonada e minutos depois, caso não recebesse uma certa ligação, completamente descepcionada com o amor e afirmando que não gostava de ninguém. Era agoniante ver alguém tão cheia de dúvidas assim, pensavam. Como Ana Bela podia estar tão perdida?

Ana Bela só queria acertar. Chega de sofrer. Ela aprendeu a se defender. Se preciso fosse ela ficaria sozinha até o fim. Mas não iria mais arriscar. Não era justo que ela sentisse e não pudesse dizer, que o ridículo à atormentasse sempre que o amor estava por perto. Se fosse pra amar ela queria amar por inteiro. Merecia isso! Não mais ser a garota de uma noite só que espera uma continuidade. Não mais ser a estranha que tem que fingir ser quem não é e fugir toda vez que quer ligar. Não mais ser o mistério. Não mais o medo e a indecisão. Ana Bela só queria alguém pra ela. Só queria amar sem medo. Só queria ser feliz!

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